Conheci a Amélie num momento em que um diferencial se fazia necessário na vida. E ela me caiu como uma luva. Foi por ela que descobri e aprendi a evitar erros grotescos de convívio, a apreciar solidões demasiadamente constantes e a dizer não a coisas que sempre soube serem dispensáveis aos meus dias.
Le Fabuleux Destin d'Amélie Pulain (de Jean Pierre Jeunet) tornou-se o filme da minha vida por criar uma linha delimitando meu amor por cinema em antes e depois dele. Foi minha primeira experiência de doçura cinematográfica, a primeira vez que me vi em cenas, lugares, figurinos, cores...
Nunca soube definir se minha paixão foi influenciada pela beleza dos cenários, pela trilha sonora que é a cara do meu MP4 ou pela meiguice da descoberta de uma nova vida transformando as vidas em volta. Talvez tenha sido a junção de tudo, ou ainda o ar de liberade presente em cada frame. Não sei. Na verdade, nunca soube de nada realmente concreto da Amélie e dos seus desejos e isso só aumenta o fascínio e a identificação.
Na busca por mudar os dentinos à sua volta, ela mudou o meu. Me ensinou lições que nenhuma ficção conseguiu sequer chegar perto. Se tornou íntima, única, ícone. O amor do Nino, a sabedoria do Homem de Vidro, a ternura do Lucien,a paixão incondicional da Madelaine, me fez ver o sabor das coisas simples. Me fez perceber quanto tempo perdia com grandiosidades enquanto as alegrias se escondiam nas miudezas.
Por se tratar de uma fábula imagino que tenha feito a diferença na vida de muitas pessoas como fez na minha. Afinal todos precisam de ensinamentos. Se eles vierem em verde e vermelho com um sorriso doce e um romance no meio, melhor ainda.
Este post faz parte da Blogagem Coletiva "O filme da minha vida", promovida pela Vanessa, do Fio de Ariadne.